RELATÓRIO: NEGRAS VOZES: ARTE, PRESENÇA E MEMÓRIA

05/09/2017 13:44

O NEGRAS VOZES: ARTE, PRESENÇA E MEMÓRIA, projeto do ALTERITAS – Grupo de Estudos e Pesquisas em Diferença, Arte e Educação-CED/UFSC, nasceu em 2015 de uma necessidade sentida por estudantes e professora, de possibilitar a visibilidade da presença negra intelectual e suas produções acadêmicas no âmbito do Centro de Ciências da Educação. O presente projeto tem como objetivo contribuir com a difusão da cultura afro-brasileira e africana no universo da UFSC e em escolas públicas, com o intuito de potencializar a implementação da Lei 10639/03 nos currículos. A referida Lei estabelece a obrigatoriedade da história e cultura negra nos currículos escolares, inclusive nas universidades. Além disso, o projeto se propõem a contribuir com o fortalecimento da universidade como espaço intelectual, científico, educativo e político para a modificação do padrão desigual e discriminatório das relações étnico-raciais que ainda reverberam em seu interior. A difusão da história e cultura negra será realizada por meio de mostras documentais e oficinas temáticas e sarau musical.

AS AÇÕES REALIZADAS
1- MOSTRA “NEGRAS VOZES – INTELECTUAIS NEGRAS/OS” NO COLÉGIO DE APLICAÇÃO – CA/UFSC
De 11 a 29 de abril/2016, exposição da Mostra “Intelectuais Negras/os” no Espaço Estético do Colégio de Aplicação – CA/UFSC, a participação aconteceu através de seleção via edital público, lançado pela instituição.
A abertura da exposição contou com a apresentação musical do duo “As próprias custas”, composto por Maristela Campos e Sandro Rosa, ambos professores do Colégio de Aplicação, além de uma turma de 2º ano do ensino médio junto com sua professora de Sociologia, que a partir da Mostra trabalharia temáticas pertinentes às questões raciais.

2- II SARAU POÉTICO-MUSICAL
No dia 16 de junho/2016, foi realizada a segunda edição Sarau Poético-Musical Negras Vozes que reuniu estudantes, servidores/as, técnicos/as, professores da UFSC e comunidade, no Hall do Centro de Eventos. Mantendo o objetivo de visibilizar as/os Negras/os Vozes participantes da comunidade universitária, esta edição contou entre outras/os com a participação dos técnicos administrativos Hilton e Lizandra (violão e flauta doce), da estudante Dandara Manoela e do estudante Airton, este último natural do Cabo Verde, que engrandeceu o Sarau com as canções em criolo.

3- 34º SEURS – Seminário de Extensão Universitária da Região Sul
O projeto foi selecionado via participação em edital interno da UFSC para apresentar suas atividades na 34ª edição do SEURS – “Cidadania, Democracia e Movimentos Sociais” no dia 04 de agosto, no campus do IFSC em Camboriú – Anais disponível em https://drive.google.com/file/d/0B6uO6lAgenX2Wi1NbTV2LUt3eDA/view .

4- Curso: Introdução ao Pensamento de Frantz Fanon
O estudo foi proposto pela professora Joana para refletirmos e tomarmos conhecimento sobre autores/intelectuais negros e negras, e iniciou com o tema “Introdução ao Pensamento de Frantz Fanon” – a partir da leitura das obras Os condenados da Terra e Pele Negra, Máscaras Brancas, foram realizados encontros quinzenais com debates e rodas de conversa entre os integrantes do Alteritas e estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes cursos. A horária foi de 32 horas.

5- 15ª SEPEX – Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFSC
O projeto esteve presente também na 15ª edição da SEPEX – “Ciência alimentando o Brasil”, no dia 21 de outubro/2016, na categoria “Apresentações Artísticas e Culturais”, com o III Sarau Poético-Musical Negras Vozes.

6- MOSTRA “NEGRAS VOZES – INTELECTUAIS NEGRAS/OS” NO 7º SLIJ – SEMINÁRIO DE LITERATURA INFANTL E INFANTO-JUVENIL
A Mostra esteve presente na ala de exposições do 7º SLIJ – “Linguagens poéticas pelas frestas do contemporâneo”, durante todo o evento que aconteceu de 26 a 28 de setembro/2016 no Centro de Convenções e Eventos.
Participaram do evento mais de mil pessoas entre pesquisadores/as e estudantes.

7- Digitalização de documentos que comporão o Acervo Digital da Resistência Negra em SC
O acervo intenta disponibilizar digitalmente documentos que registrem a memória da luta antirracista em SC para preservação da história do Movimento Negro de Santa Catarina. Grande parte dos documentos e registros dessa história se encontravam dispersos pelas organizações negras, já sofrendo ações do tempo por ausência de recursos físicos, humanos e financeiros, para manutenção e disponibilização para consulta pública. Essa situação nos motivou a construir o acervo digitalmente, junto com a Gráfica da UFSC que nos ofereceu suas digitadoras para que pudéssemos digitalizar os jornais, documentos, fotos, folders e registros. Em fase de construção de blog para disponibilizar os documentos.

8. Mesa Redonda: “Pensamento Negro no Século XXI: Por uma cultura de consciência negra na sociedade brasileira” com o prof. Dr. Amauri Mendes Pereira (UFRRJ) e o sociólogo João Carlos Nogueira (NEN).
Comentários do estudante bolsista em relação aos benefícios da participação no programa de bolsas de extensão para sua formação acadêmica.
Tive a oportunidade de chegar na universidade e ser presenteado com chance de poder participar de um grupo com pessoas tão belas, generosas, responsáveis e dispostas a ensinar os primeiros passos para a vida acadêmica. Junto com a professora e minhas colegas pude ter uma maior percepção sobre a vida acadêmica e maior acesso a informações e conhecimentos que não tive em minha vida.
Foi um período de adaptação de todas as formas, já que estava chegando na cidade e Universidade, e iniciando minha carreira acadêmica, passando por diversas dificuldades nesse meio tempo, porém tendo a compressão da professora e os demais colegas, do qual sou muito grato.
Iniciamos os trabalhos em abril com a digitalização dos documentos sobre a população negra, o que me deixou maravilhado por poder pesquisar sobre o meu povo, já que sou negro e estou em constante busca pela minha identidade étnico-racial. Realizamos o II Sarau NEGRAS VOZES em junho, que foi minha primeira participação de fato no projeto, que já era realizado antes da minha entrada, as digitalizações estavam sendo realizadas enquanto entrávamos no segundo semestre, do qual tive a primeira experiência acadêmica externa a UFSC, no SEURS, onde eu e a Ana (voluntária e ex bolsista) fomos até o IFSC – Camboriú, apresentar o nosso projeto na Semana de Extensão Universitária da Região Sul.
No segundo semestre, tivemos mais eventos e apresentações. Pude presenciar algumas bancas das quais a professora foi orientadora, em que me fizeram estar mais ciente do que tenho que construir nesses anos de graduação. A professora, com o grupo, iniciou um grupo de estudos sobre intelectuais negros, em que pude fazer parte de alguns encontros que me fizeram ter maior lucidez sobre o assunto que tanto debatemos, refletimos e lutamos, o racismo. A participação do projeto na SEPEX foi uma experiência muito gratificante para mim. E poder lidar, estudar e ajudar a construir parte da história negra, com as digitalizações, foi de extrema riqueza e gratidão.
Foi um ano muito movimentado e denso, cheio de experiências, vivências, adaptação e aprendizado. Agradeço muito por todos os momentos vividos e compartilhados. Amadurecendo dentro e fora da universidade, com todo o suporte que eu necessitava no meu primeiro ano de universidade.
Me despeço do projeto, burocraticamente, mas não me afasto das pessoas e do projeto do qual sou muito grato de ter feito parte, e gostaria de ter construído mais e melhor.
Sendo assim, sigo meu percurso, grato pelo o que aprendi aqui e desejando sucesso ao projeto e a sua caminhada.

Avaliação da orientadora sobre o desempenho do bolsista
O estudante cumpriu com as atividades estabelecidas em seu plano de trabalho.